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Ban Gioc Waterfall - (re)encontro

Ban Gioc Waterfall - (re)encontro Vietnam 11#

Tinha passado mais ou menos 1 ano desde que tinha visto pela primeira vez uma fotografia destas cascatas. Foram um dos motivos pelo qual decidi pelo Vietnam e não outros países igualmente maravilhosos. E finalmente, depois de 13h de autocarro... ia vê-la.


Sei bem que um dos sitios mais visitados pelos turístas no norte do Vietnam são as plantações de arroz em Sapa. E confesso que gostaria muito de ter ido também, mas já tinha visto algo semelhante no ano anterior em Bali, e sem tempo ou recursos infinitos, acabei por não ir. Não me levem a mal, mas se puder escapar do circuito mais turístico, escapo. Gosto de ver as coisas e pessoas na sua realidade e não tanto em cenários marionetados para vender aos turístas. Mas claro que há sempre coisas giras para ver até nesses passeios, e fazer o que fiz sozinha acarreta por vezes riscos desnecessários.


Como por exemplo, não havia em Hanoi ninguém que me vendesse bilhetes de autocarro ou me explicasse como chegava lá... finalmente encontrei um website vietnamita a explicar como chegar, enviei email e garanti o meu lugar.

Saí de Hanoi já de noite, no autocarro nocturno, com as bem-ditas "caminhas" como bancos, e com mais uns 60 vietnamitas lá dentro. Zero turistas, zero inglês. Tudo se faz com liguagem gestual, com esperança que alguém nos entenda.

Com apenas 1 paragem durante esse período, safam-me as bolachas e pouco mais...

Ban Gioc fica na região de Cao Bang e aí tive de trocar de autocarro para outro mais pequeno, tipo mercedes vito, com os homens das obras e os agricultores.... a unica outra mulher nessa viatura era a condutora.

Ninguém me fez mal, mas não posso dizer que foi a viagem mais confortável do mundo, porque apesar de não perceber o que diziam, conseguia perceber do que e como estavam a falar de mim. Como já não era novata nestas terras, quando ando neste transportes vou completamente tapada. E o truque é estar atenta, mas não parecer demasiado incomodada. Há quem tenha vergonha na cara...e outros que não. Por isso, mesmo a "dormir", um olho fica sempre aberto.

Ainda me valeu uma paragem para ir à WC que paguei uns 10centímos e pensei, esta deve ser melhor do que o buraco no chão habitual... pois, não só era um buraco no chão, como não tinha porta.... omg... isso!

Quando finalmente cheguei, fui a única a sair naquele lugar, que me pareceu completamente isolado, sem nada, no meio da montanha. E a condutora disse, às 16h para estar no mesmo sítio para voltar e percebi que só passava ali 1 vez por dia, por isso talvez não fosse boa ideia perder o autocarro e ficar ali sozinha...


Assim como outras cascatas famosas no mundo, incluindo Niagara e Iguazu, a cascata de Ban Gioc fica na fronteira entre dois países, neste caso, Vietnam e China e é alimentado pelo rio Quay Son. Bangioc é uma das maiores do mundo,

Esta cascata tem vários terraços/níveis, o que só serve para torná-la mais impressionante visualmente. A paisagem circundante também contribui para o seu fator de surpresa! Picos cársticos e vales verdejantes pontilham a área, fazendo da cascata Ban Gioc o cenário perfeito de qualquer posta.

Acho que demorei algum tempo a interiorizar que finalmente tinha chegado ali. Sentei-me numa pedra qualquer, ainda à distância e fiquei a contemplar. Entre algumas lágrimas, de felicidade, de orgulho, de dor. Acho que fui até ali lavar a alma. Chorei muito e o que senti foi avassalador. Consegui!


Se olhasse para os meus pés uns anos antes, jamais os imaginaria capazes de estar ali, no fim do mundo, sozinha. Foram precisos muitos tombos da vida para ganhar coragem. E outros tantos, para seguir em frente.

Na minha cabeça estava uma banda sonora de Hans Zimmer, mas à medida que me aproximei das cascatas, ainda a uns 800m, só se ouvia a água. Limpa. Violenta. Crua. Magnífica.


No lado do Vietnam não havia ninguém. Um mini cavalo e uma senhora a lavar a roupa. Do lado da China os turístas eram aos magotes.

As fotografias falam por si. Mas a energia daquele lugar é indescritível.

Lá apareceu um senhor a perguntar se queria ir de barco até à China, passando pela cascata e eu disse que sim.

Tinha o barco só para mim (paguei 2 euros). Percebi mais tarde que muitos vietnamitas também não conhecem este paraíso, quase não havia turistas até então porque não era um sitio muito divulgado, por isso estava por minha conta.

Tenho fotografias dos dois lados da castaca, mas não me deixaram colocar o pé em território Chinês, só na margem do rio, porque não tinha o visto.


Ali fiquei. Umas boas horas, por ali, qual criança num parque de diversões ou que acabou de receber o seu melhor presente. E recebi.


Mais tarde, vi que haviam dois templos a circundar as castacas. Um Vietnamita e outro Chinês. Os dois no topo das montanhas verdejantes ali à volta.

Pus-me a caminho da Vietnamita. Praguejei bastante até lá chegar acima... Não havia praticamente ninguém, a não ser umas barracas (casas) e galinhas...pessoas, quase não vi.


Pelo caminho, acompanhou-me uma borboleta preta enorme com uns desenhos em azul elétrico, como eu nunca tinha visto. Sempre que parava a pensar "mas nunca mais ganhas juizo Ana Mafalda?! - como diria a minha mãe - olha bem no que te estás a meter outra vez! ainda perdes o autocarro!" - ela aparecia novamente e ia trepando por aí acima... e eu seguia-a.

Quando cheguei ao templo, não estava ninguém. Tinha um templo, no cume de uma montanha, a ver o espetáculo magnifico daquela cascata, sem ninguém. Uma Lady Buddah, sem um único som humano.


Agradeci, agradeci muito. Fiquei em silêncio. Em contemplação. Gratidão. A borbuleta ainda reapareceu até eu chegar à estrada principal. Seguia-a com o coração, e naquele dia encontrei o caminho para a "casa" de dentro.

Esse (re)encontro da alma dura até hoje.

Obrigada por estarem aí



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